Lucro líquido do setor ficou estável em 2015 apesar de queda na venda

Manter a taxa em 2,1% passou por recomposição da margem, bem acima da inflação, e por redução de despesas. Indústria também ajudou

Em um ano com retração de vendas, o lucro líquido do setor permaneceu dentro da média histórica. Oscilou apenas 0,1 ponto percentual em relação a 2014, alcançando 2,1% do faturamento bruto. Por um lado, os supermercados buscaram controlar despesas. Por outro, decidiram abrir mão de volume e repassar o aumento do custo de compra das mercadorias para o preço ao consumidor. Enquanto os preços médios nos super e hipermercados subiram 19% no ano passado, segundo dados do IBGE, a variação de alimentos ficou em 12% e o IPCA médio em 9,01% .

“As empresas conseguiram recompor margens, porque a inflação prejudica a capacidade de o consumidor comparar preços”, explica Rodney Wernke, consultor e professor da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina). Jonathas Rosa, executivo de atendimento da Nielsen, lembra que os reajustes ocorreram tanto do lado da indústria quanto do varejo. “As margens não foram sacrificadas. Em arroz, por exemplo, o aumento ficou na casa de 30%”, afirma. Por conta disso, os consumidores racionalizaram as compras. Uma das consequências foi o efeito ampulheta. “Observamos o crescimento dos extremos. Ou seja: as versões mais baratas e as caras da categoria. As intermediárias perderam importância”, diz. As atividades promocionais realizadas pelos fornecedores aumentaram em 2015, o que também ajudou os supermercados a preservar suas margens. “No ano passado, fomos procurados por mais indústrias para implementar ações nas lojas”, comenta Murilo Savegnago, gerente de marketing da rede paulista Savegnago, 37 lojas, que alcançou um lucro líquido de 2,7%.

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Estudo realizado pela Nielsen em 2015 mostra que não só as promoções, mas também as ações de merchandising sustentaram o crescimento de um grupo importante de indústrias. O levantamento analisou 32 marcas em 23 categorias e constatou que 84% dos fornecedores ampliaram as atividades no ponto de venda. Entre eles, 66% estiveram presentes em mais pontos extras e 47% elevaram investimento em materiais de divulgação e participação em tabloides. “Para o varejo, essas ações praticamente não têm custo, mas ajudam a elevar o volume”, avalia Jonathas Rosa, da Nielsen. Muitos supermercadistas também fizeram a lição de casa em 2015. Buscaram melhorar prosos e reduzir gastos. Segundo Rodrigo Righi, sócio da Galeazzi & Associados, o CMV (Custo de Mercadoria Vendida) costuma ser um dos principais alvos em momentos de crise. “Ele é o coração do varejo”, diz. Entre as iniciativas que podem ter ajudado o varejo a diminuir despesas estão as verbas mensais para a realização de compras junto ao fornecedor. Essas verbas, que limitam o gasto, levam a área comercial a rever o sortimento e a melhorar as negociações. “É possível ainda que as redes tenham enxugado o mix para otimizar espaço, reduzir estoque e garantir giro rápido. Isso permite comprar volumes maiores, o que contribui para elevar a rentabilidade”, esclarece.

Quanto às demais despesas, Luiz Nascimento, diretor da Merita Estratégia e Gestão, diz que os varejistas focaram o combate às perdas, o encolhimento do quadro de pessoal e o controle do consumo de energia e água. “Os supermercados ainda estão fazendo o básico”, afirma Nascimento. Para ele, a tendência a partir de agora é intensificar a revisão de processos e buscar maneiras de torná-los mais eficientes e produtivos.

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Entenda a metodologia do Ranking

O 45º Ranking de Supermercados, realizado anualmente por SM, contou com a participação de 312 empresas neste ano. Essas redes e lojas independentes reportaram seus dados físicos e financeiros referentes ao ano passado. Juntas, elas operaram 5.832 lojas em 2015, distribuídas pelos formatos de super, hipermercados e atacarejos. Seu faturamento somado alcançou R$ 231,6 bilhões, o que representou 60,1% do faturamento do autosserviço alimentar em 2015. Para calcular a receita bruta do setor, SM contou com índices de vendas por metro quadrado, segmentados por região e tipo de loja. Para o formato supermercados, os indicadores também foram subdivididos de acordo com o número de checkouts (1 a 2, 3 a 4, 5 a 6, 7 a 9 e acima de 10). Os índices de vendas por metro quadrado foram obtidos a partir de informações de 1.473 lojas, cujo faturamento individual foi reportado pelas empresas participantes do levantamento. Esses indicadores foram aplicados ao total de lojas cadastradas no Banco de Dados de SM (12.953 unidades no fim do ano passado), conforme sua região, formato e porte, o que permitiu a projeção do faturamento do setor em 2015 (R$ 381,6 bilhões). Convém ressaltar que, para efeito de comparação, as variações 2015 x 2014 citadas nas reportagens e nos rankings (geral, super, hiper e de atacarejo) já descontam a inflação média de 2015, que foi de 9,01%, calculada pelo IPCA.

Fonte: www.sm.com.br.Enviado por : Alessandra Morita

Lucro líquido do setor ficou estável em 2015 apesar de queda na venda
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